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domingo, 8 de janeiro de 2012

Não sou filho dos meus pais -Capítulo 1.


O barulho vindo do corredor me faz retirar-me da minha sala, uma enfermeira fala comigo, era John, o nosso paciente mais problemático. Ao chegar na sala, lá estava ele amarrado pela camisa de força, e o corpo de Herbert, um dos funcionários do sanatório, no chão e embaixo uma poça de sangue.
-O que você fez?
-Estou com as mãos ocupadas Capitão.
-Por que você faz essas coisas? -seguro ele pelos braços.
O solto, e tiro um lenço do jaleco e enxugo o rosto.
-Retirem o corpo.
Os dois funcionários que me acompanharam retiram o corpo. Olho pra John.
-Por que mata?
-Digamos que temos um vizinho chato que toda noite liga o som dele potente nas últimas alturas. Você, como bom homem vai lá bate na porta dele e tenta resolver amigavelmente, ou faz uma denúncia anônima a polícia. Eu, que adoro o meu jeito de resolver as coisas, vou lá na casa dele, bato na porta, ele atende e meto uma bala na testa dele. Assim ele vai perturbar lá no inferno. Sabe  porque  você não toma a atitude que eu tomei? Medo! Vivemos sobre malditas regras, não faça isso, não faça aquilo. Onde está escrito não matarás. Ao você retirar a vida de alguém sofrerá as consequências do outro lado da vida. Ou aqui mesmo, atrás das grades.
-Errado, eu não faço isso, porque eu não sou um assassino.
-Todos não são assassinos até que cometem o primeiro crime.
-Por que matou sua mãe?
-Já era difícil dividir o amor dela com os meus outros dois irmãos, eu não gosto nada pela metade. Muito menos um terço, é quase nada. E a coisa pioraria com a chegada do meu irmãozinho, ela esfregava isso na minha cara, o quanto estava feliz com o bebê que estava esperando.
-Você é louco.
-Eu sei, e o pior louco é aquele que sabe até onde pode ir com sua loucura.
-Sabe o que admiro em você? A sua frieza, sabe que até tenho dúvida se você é louco mesmo, ou que você seja humano, que tenha um coração batendo aí dentro.
Ele sorrir.
-A psicologia nunca poderá dizer a verdade sobre a loucura, pois é a loucura que detém a verdade da psicologia.
Eu vejo uma Bíblia no chão.
-Está lendo a Bíblia?
-Até o Diabo conhece as palavras de Deus.
-Você tem medo do quê John?
Ele pára, silêncio profundo, olha pra mim.
-Da sanidade, que eu acorde desse buraco em que me enterrei.
Aparece a enfermeira.
-Visita para John.
-Visita para mim? Eu nem sei há quanto tempo eu não recebo visitas. Acho que é porque todos os meus parentes estão mortos.
É levado, entra na sala, ele ver uma moça loira de costas, uma mesa os separa. Ela vira-se com lágrima nos olhos.
-Lembra de mim?
Ela se aproxima dele.
-Por que não me afogou naquele dia? 13 de outubro de 1996. São exatamente 15 anos de terapia  que eu devo a você. Você não tem ideia de quantos remédios eu tomo pra conseguir dormir e para não acordar com os pesadelos que me perseguem.
Os olhos dele enchem-se de lágrimas.
-Você destruiu minha vida, tudo que eu tinha você acabou. Monstro! Você é pior do que o lixo de São Paulo. Aqui é pouco pra você. Eu desejo os piores dias da sua vida pra você.
Ela sai da sala, abraça um homem que a esperava e chora nos braços dele.
No dia seguinte, o vejo, ele está pintando um quadro na oficina, ele está afastado dos outros internos e há uma grade no cubículo onde ele se encontra e a mão esquerda está algemada, entro.
-Bom dia John!
-Bom dia Capitão.
-Quem era a visita?
-Minha irmã, Daiana Herthman... -ele pára de pintar -Continua linda ela.
-Pintando o quê?
-Um quadro idiota, pra passar o tempo sabe.
Olho pro quadro, tinha nada com nada.
-Tem mãe Capitão?
-Claro. -dei risada.
-Não é isso que eu quis perguntar, eu quis perguntar se ela é viva.
-Sim, ela está num manicômio há 40 km daqui. Ela foi pedir ao meu pai arrumar a antena. Ele tomou um choque e caiu do telhado de casa. Ela depois disso nunca mais foi a mesma, se culpou, enlouqueceu, nem mais se lembra quem eu sou. Acho que por isso escolhi a psiquiatria. Há uma linha tene que nos separa da loucura a sanidade.
-Adorava ver minha mãe se arrumar, era tão linda, charmosa, fina, feminina. Nunca entendi porque ela se casou com o estúpido do meu pai. Eu até hoje me lembro da música que ela cantava pra eu dormir.

 Eu canto pra você dormir
A terra gira sem ter fim
O sol se esconde não sei
Onde
Escurece a noite cresce

Eu canto e você já dormiu
A terra gira por um fio
A lua brilha, meu filho
Eu canto este acalanto
Deve ser difícil pra você, não tem filhos, sofre problemas no casamento.
-O quê? O que você está falando?
-Sua esposa não ama mais você, ela encontrou Arthur. Acha mesmo que ele é só um colega de trabalho dela?
Pego ele pelo braço.
-Como sabe disso?
-Você não imagina o quanto eu sei sobre você Capitão. Hoje mesmo você está sem a aliança.
O solto.
-É difícil chegar em casa e sua esposa não querer trepar com você, mas ela gosta de foder com o coleguinha dela.
-Cale a boca!
-Estou indisposta querido, tive o dia cheio, estou com enxaqueca. -ele faz voz feminina - Agora mesmo aposto enquanto você está cuidando de bando de loucos, ela está dando loucamente pro Querido Arthur na sua cama, entre quatro paredes.
-Eu já falei pra calar a boca!
Derrubo a mesa com o quadro e as tintas no chão.
-Tire a dúvida, faça uma festa, são treze anos de casamento, ela com certeza vai convidar o Arthur. Eu saberia muito bem como limpar minha honra, mas isso não é pra pessoas como você com sangue tão barato.
-O levem daqui!
Eu tapo os ouvidos, o retiram, ele com o sorriso nos lábios. Eu passo pelos pacientes, tudo turvo na minha frente, chego ao corredor e entro na minha sala. Sento, tentando respirar, suando muito, desabotoo  o botão da roupa. Abro uma gaveta, abro um pote e tomo três comprimidos a seco , em poucos segundos estou com um sorriso nos lábios e a sensação de alívio.
Colocam a camisa de força em John, um velho e um jovem o levam pelo corredor.
-Que crime cometeu? -pergunta o jovem enfermeiro.
-Não fale com ele, ele é o demônio. -o velho.
O colocam dentro da cela.
-O que foi seu velho? Eu mesmo com as mãos amarradas consigo quebrar todos os seus ossos e enfiar esse seu indicador sujo nesse seu rabo seco.
O velho fecha a porta e coloca o cadeado, ele abre a janelinha.
-Psiu -ele chama o enfermeiro jovem -Sabe qual foi o meu crime? Não ser filho dos meus pais.

Continua...

5 comentários:

Lucas Adonai disse...

Muito bom! ^^

Mário Fernando Oliveira disse...

texto interessante.

Helen S. disse...

Nossa, gostei muito, ficou com pano pra manga xD
Aguardarei mais partes ;)

Anônimo disse...

estou seguindo-o.

otimo fds =)


beijaoo


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Milena De Andrade disse...

Texto legal, hein! =)

~♥~ Meu Cantinho ~♥~ → http://mile-meucantinho.blogspot.com/

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