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terça-feira, 7 de setembro de 2010

Quero você!. -Capítulo 1.


I

1977.

Eu nasci numa primavera, dia chuvoso. A minha família numerosa estava toda no corredor do hospital à espera do rebento do casal que tinha apenas 1 ano de casados.
Minha mãe, Amélia, uma mulher nos seus 28 anos e o meu pai, Fausto, 37 anos. Tinham enfrentado uma das maiores barreiras, o preconceito. A família da minha mãe não queria ver a menina trabalhadora, prendada, dedicada, esforçada e inteligente casar com um homem beirando aos quarenta, que já tinha um filho, que trabalhava como cobrador de ônibus, que gostava de jogar no bicho.
Mas eles enfrentaram tudo e todos e se casaram em junho do ano passado. Preconceito eu saberia bem o significado dessa palavra anos mais tarde. Mas isso conto-lhes depois.
O que só posso adiantar, que como já disse nasci numa manhã chuvosa de primavera, 10 h e 35 min..O meu parto durou 40 minutos, minha mãe optou pela cesariana. Eu nasci gordo pesando 2kg e 300 g, com os olhos castanhos claros, chamativos e grandes cheios de curiosidade, que logo encantou toda a família. Tia Rita me levou logo ao colo e em pouco tempo deram-me para minha mãe e esta me deu peito e sugava o leite avidamente como se quisesse matar a fome de nove meses e logo engordei mais e me tornava a paixão da família, o bebê gordinhode bochechas cheias e de olhos castanhos claros cheios de curiosidade.

II

1981.

Até os 4 anos era o motivo de alegria e descontração da família, mas isso durou pouco. Não me lembro bem como começou, o que só sei é que me lembro dela por vários dias na cama. Não era comum minha mãe ficar na cama, amanhecia com as galinhas e logo cedo já se via ela com o pé da barriga no tanque ou no fogão. E quando eu acordava sabia que encontraria a mesa para o café já pronta. No lugar das risadas, deu-se lugar a afagos pretensiosos e conversas que eu não entendia.
Até que um dia ela me chamou ao pé da cama.
-Filho, torne-se homem direito, cuide dos seus irmãos. Queria tanto te ver homem feito. O meu menininho já tem 4 anos. Não deixe ninguém decidir o que é melhor pra você. Prometa que vai lutar pelos seus sonhos, mesmo que eles pareçam difíceis nunca vai desistir.
-A senhora vai morrer?
-Vou meu anjo, mas vou estar sempre do seu lado. Eu te amo. As pessoas vão, mas as lembranças ficam. -ela tosse.
Ela para os olhos em mim e a mão dela devargamente solta da minha. E entra a minha avó que se abraça ao corpo da minha mãe chorando e tia Rita me tira do quarto e eu custando a entender que estava órfão de mãe.

Um comentário:

Mateus disse...

Muito bom. É triste a morte da mãe, mas descreveu bem, senti até um pouco de compaixão por ela, pelo jeito que falou com o filho.
Continue a história.
Abraço
http://perplife.blogspot.com/

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