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sábado, 19 de fevereiro de 2011

Quero você! -Capítulo 1.

IV.

Primo Carlos iria se hospedar em casa, morava em São Paulo, tinha 16 anos, era filho de Lucy (Lucimara). Lá em casa estava um fuzuê que só para recebê-lo. Eu me lembro que quando ele chegou com a mochila nas costas, eu admirei a beleza dele. Não sei também se entendia de beleza naquela idade. Ele era alto, esguio, branco como neve, os cabelos loiros até os ombros, uma boca carnuda, olhos de impressionante verde que hipnotizavam, o queixo curvilíneo, sobrancelhas bem claras, sinais por todo o rosto, mãos grandes, pareciam já de homem, não de um menino de 15 anos. Tia Rita ao vê-lo soltou a frase:
-Esse deve ter um monte de namoradas.
Não entendi porque me senti incomodado com essa frase de minha tinha. Clara estava com as suas bonecas nem aí para o visitante e Lúcio não se encontrava, pois havia sido aprovado no teste e viajou para Friburgo para treinar no time. Minha avó, Dona Cleonice,  Lourdes e Tia Rita indagaram o pobre coitado, notei que ele queria  se ver livre de tantas perguntas e notei também que eu estava com louca vontade de seqüestrá-lo para o meu quarto. Olhei para a janela e se juntava um monte meninas para ver o tal visitante de São Paulo. Fui lá e fechei a janela.
Meu pai decidiu acomodar Carlos no meu quarto, já que Lúcio não estava mais lá.
Ele foi para o meu quarto e logo foi trocando de roupa. A pele dele era de uma alvura tremenda e delicada.
O abdômen era definido, com certeza fazia exercícios regularmente. Eu desviava os olhos, e logo os meus olhos voltavam para ele de novo, era um magnetismo inexplicável.
-Já tem quantos anos Pedro?
-Oito.
-Ainda não deve bater bronha, aposto que tem um pintinho desse tamanho -mostra o dedinho e dá risada.
-Eu já tenho namorada.
-Namorada é coisa de bobo. -alisa o meu rosto e gelei com isso e ele prende o cabelo dele  com uma xuxa.
Tia Rita bate na porta.
-Vai jantar ou tomar café Carlos?
-O que vocês fazem?
-Jantamos.
-Então jantarei também.
Na mesa.
-Por que não corta o cabelo rapaz? -Pergunta meu pai.
-Gosto dele grande.
-Tem um cabelo muito bonito. -Fala Lourdes.
-Muito obrigado. -ele boceja -Estou com muito cansado. Amanhã quero conhecer a cidade.
-Pedro pode lhe apresentar. Não é Pedro? -Tia Rita.
-Hum hum.
-E sua mãe? -Minha avó.
-Minha mãe se divorciou do meu pai.
-Você deve ter sofrido muito. -Lourdes.
-Não, já que nãos e amavam mais. Por que ficar juntos?
-Mas casamento é coisa séria, não se separa por qualquer coisa. -Minha avó.
-Vai ficar quanto tempo? -Tia Rita.
-Uma semana, talvez duas, mas não mais que isso. Quero visitar papai em Buenos Aires, se casou novamente, e assim conheço a esposa dele.
-E namorada? -Lourdes.
-Não tenho, não penso nessas coisas ainda.
-Faz bem meu neto, é muito jovem pra namorar. Não é toda menina que vale a pena hoje em dia.
-Sei.
A noite eu desci para tomar leite e o vejo acordado de frente pra tv com os olhos compenetrados na tela, nem sentiu a minha presença. A curiosidade me chamou para perto da tv e era um homem e uma mulher nus. A mulher gritava. Eram tantos movimentos que não dá para explicar e um turbilhão de emoções tomava o meu corpo.
Não reparava muito na mulher, apenas no homem de costas largas, segui com os olhos aonde ele levava as mãos. E um calor por entre as pernas surgia.
-Você aí Pedro. Nunca viu?
-Não.
-Mas sabe o que é?
-Sei, eles estão transando.
-É, eles estão transando você está certo.
Ele mete a mão por debaixo do short e começa a gemer.
-Você não sabe o quanto isso é bom
No dia seguinte apresentei a ele a rua, ele admirava tudo e chamava a atenção das meninas e ele nem aí, acho que até gostava o exibido. Soltava risadas para as meninas e logo foi jogar bola com outros rapazes.
Estava tão a vontade que nem parecia que não era da cidade.
Ao final da manhã voltamos para casa e a tarde ele sai de novo com um dos rapazes com quem ele estava jogando.
Uma semana se passou tão rápidamente que fui ficando cada vez mais triste, pois sabia que se aproximava o tempo para o primo Carlos partir.
-Lúcio não voltou.
-Ele tá treinando.
-Já são três meses. E só temos cartas dele.
-Rita o filho é meu e o crio  como eu bem quero.
-Mas cuidado para não perder o amor de seu filho.
Eu ouvi sentado no sofá, Carlos estava sentado no chão lendo um livro. Alguém bate na porta.
-O seu amigo está aí na porta. -Era Clara que avisa a Carlos.
Carlos se levanta e vai até a porta, chama o amigo para entrar e sobem para a laje.
Eu levanto e subo também, pois já havia 20 minutos que eles estavam lá em cima, talvez até menos, mas a curiosidade e o fato de eu não gostar desse amigo de Carlos talvez tenha feito eu pular os minutos.
Chego até a porta, ela está entre-aberta, e pela fresta vejo os dois se beijando. Não era beijo de irmãos, mas beijo como papai dava em mamãe, com língua e tudo.
Desço as escadas e fico no quarto pelo resto do dia. Por que carlos tinha feito aquilo? Aquilo era errado, isso era o que eu sempre ouvia.
A noite Carlos entra no quarto.
-Por que ficou aqui o dia todo?
-Porque gosto.
-Gosta de ficar sozinho?
-Sim.
Ele deita e apaga a luz. Eu não conseguia dormir, o beijo não saía da minha cabeça e a vontade de pedir explicações dele. Mas depois passou a vontade e o nó na cabeça, pois comecei a observar ele se deliciando tocando a gostosura dele e no êxtase completo que dava vontade de experimentar também. Será que ele pensava em alguém enquanto praticava? Em quem? No seu amiguinho? Não interessava, o que interessava é que gostava de vê-lo descobrindo o prazer.
No dia seguinte Carlos saiu cedo para a praia, ele queria nadar, não tinha mar na cidade dele. No almoço ele não tinha ainda voltado e todos ficaram preocupados. Ele saiu sem avisar, com ninguém, não conhecia a cidade direito.
Aí entra o amiguinho dele chorando e fala com pai e Tia Rita que saem correndo de casa Eu também me retiro, mas não dava para entender o que as pessoas comentavam. Até que ouvir a palavra afogamento e vários homens trazendo o corpo inerte de Carlos e todos chorando.
Agora vinha a parte difícil  contar a Tia Lucy que Carlos não se encontrava mais entre nós. Isso ocasionou uma briga de família. E o caixão de Carlos viajou para São Paulo. Tão bonito e ainda mais branco depois de morto.
Li numa passagem da Bíblia que o salário do pecador é a morte. Minha avó que quem peca morre e queima no inferno. Carlos beijou homem, isso era errado, pecado. Conclui, já que nessa idade conseguia tirar minhas conclusões por mim mesmo, que ele morreu porque pecou. E eu será que vou pro inferno pelas coisas que sinto? Tinha que tirar essas coisas da minha cabeça, se não também morreria.
Minha avó dizia que rezando se espanta o pecado e cria laços fortes com Deus. Comecei a rezar, rezar trancado no meu quarto.

-

13 comentários:

Wellington disse...

Que viagem esse texto! ...hehehe... Bem literário! XD Fim triste, conclusão de criança, narração de criança e bem interessante! Por causa da imprevisibilidade. Enfim, você escreve bem! Parabéns! =)

Abraços!

http://nwbikiyouyou.blogspot.com/

Scarlett Gravina disse...

Gostei mesmo .

@iamvictor_ disse...

adorei seu texto. Blog em si muito bom também.

ADILSON JORGE disse...

Como a homossexualidade está em pauta! Mto bom a sociedade abrir espaço. Falo isso porque acabo de ler uma crítica do filme “Minhas Mães E Meu Pai”, que concorre ao Oscar domingo. A história é de um casal de mulheres que cria os filhos que são resultados de uma inseminação artificial. Parece que a sociedade está tomando consciência que somos diversos e diferentes. Que bom!

Abraços
http://ceucaindo.blogspot.com/

IceHug disse...

Nossa lindo! Muito cute cute amei! *---*

Passa no meu?
voandoalem.blogspot.com

Anônimo disse...

Achei o testo bastante interessante.

Victor Von Serran disse...

bom texto...ternura e malicia !!!

sigo e comento - Quem seguir e comentar....
http://universovonserran.blogspot.com
blog premiado - com materia no jornal Destak

Unknown disse...

Homosexualidade é um assunto complexo.
Mas o texto é muito louco.
A escrita é imprevisível.
Muito bom!!!

Gi Zamai disse...

A homossexualidade, infelizmente ainda é vista como os olhos da criança do texto, que é muito bom, por sinal. Estamos evoluindo, mas falta chão! Lindo texto, pena que Carlos tenha morrido. Espero sua visita em meu blog:
gizamai.blogspot.com
Grande abraço

Anônimo disse...

Muito legal o tema abordado, parabéns pelo conteúdo do seu blog. Muito sucesso :)

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Parabéns pelo texto realmente gostei da historia achei interessante a forma com a qual você narra a historia realmente sugere ser alguém infantil e meigo a falar. Como muitos aqui também achei uma pena a historia terminar deste jeito...
Convido a todos atores cantores ou modelos a conhecerem o meu blog...
companhiavisual.weebly.com

PHAEL MARQUES disse...

Linda história, envolvente e emocionante, a narrativa simples do Pedro é ótima. Tem continuação? Espero que sim. Parabéns.
Link do meu blog:
http://phaelmarques.blogspot.com/
faz uma visitinha quando puder sr.

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