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domingo, 3 de agosto de 2014

Cabeça de dinossauro. - Capítulo 2.



Mãe.


Marcos entra na casa da mãe, Marília.
-Que ideia de vocês filhos, só por achar que sou sua mãe que tenho que te receber a hora que quer quando bate a minha porta.
-É sábado, seu dia de ficar comigo.
-Exigência daquele juiz idiota , que seria bom pra sua educação, balela! -ela com um cigarro na mão - Tá com quantos anos? 14?
-13.
Ela senta na poltrona, dobra as pernas, estava num vestido azul deslumbrante, fumando olhando de cima a baixo o filho.
-Já furou alguma menininha? Ou ainda é donzelo? - traga o cigarro -Soube  que colocou um vídeo na internet de uma coleguinha putinha chupando seu pauzinho. - dá risada.
Ele continua sério, calado olhando pra ela.
-Ai, você é sem graça como seu pai. - ela se levanta -Não sei como fiquei tanto tempo casada com ele.
-Pra ficar com essa mansão talvez.
-Por aturar a chatice do seu pai por tantos anos eu merecia bem mais do que isso. Ele me prometeu o céu, o mar... quando vi já estava com a barriga desse tamanho de você. Você pesava... era um fardo desde o início.
Ela coloca o cigarro no cinzeiro, e acende outro, vai para a cozinha, Marcos a segue. Ela abre a geladeira.
-Deixa eu ver se tem algo pra comer. - ela tira um pote de sorvete - Você fuma?
Ele olha pra ela.
-Nem uma maconha? Que chatice! Pelo menos seu pai no início era divertido, me enganou direitinho...Quando vi já estava com uma aliança enorme no dedo. - ela abre o pote e dá risada - Se ferrou, não é sorvete, é feijão. Ferve assim mesmo, só deve estar uma... ou duas semanas no congelador, adolescente come qualquer coisa mesmo. - ela sai da cozinha, Marcos a segue - Você fica no quarto, não tem videogame como na casa do seu pai... mas tem TV, tem canal que não acaba mais, até pornô! Contanto que assista baixo e não saia do quarto. Vou receber um namoradinho, bem mais caliente que a porra do seu pai. Aquela velha chata ainda tem aquele cursinho de inglês dela? Aposto que ela te obrigou a fazer os 6 períodos  e você não aprendeu porra nenhuma. - dá risada e vai para o quarto.
Lucas fica parado diante daquela mulher  que ele não reconhecia.
-Não vai convidar pra entrar mal educado?
Ele abre a porta, ela respira fundo e senta a mesa, e ele também pega uma cadeira e senta.
-Não tem café? Água? Cerveja? Não oferece nada pra sua mãe?
-Só tem água.
-Ah! Que apartamento maneiro! Tô morando num barraco que não dá nem pra mim. Onde está seu irmão?
-No trabalho.
Olha para as unhas dela sujas, ele olhava pro rosto dela tentando procurar alguma coisa de sua fisionomia.
-Soube que ele trabalha numa repartição pública, é concursado... E não me deu nada. A mãe passando fome, eu com um reumatismo que me persegue há anos.
Ele olhava cada palavra sendo despejada de seus lábios rachados.
-A senhora também não nos procurou. Nos deixou a própria sorte quando papai morreu. - chorando.
-Você era pequeno, idiota, seu pai era bandido. -ela se aproxima do rosto dele - Eu tinha tudo, estraguei, perdi tudo, por ter engravidado do seu irmão e ele me deve isso! - chorando.
Ela abre a bolsa, e joga receitas médicas e contas sobre a mesa.
-Tá aí a minha merda de vida. E vocês estão no bem bom. E eu dormindo num sofá minúsculo. - ela se segura nos braços dele - Eu exijo dinheiro, e vocês não vão me ver nunca mais, eu sei que estou fedendo. - ele sente cheiro forte de álcool vindo da boca dela.
-Você não sabe quanto custou pra chegarmos até aqui e bate na nossa porta e nem pergunta como estamos, se estamos bem.
-Guilherme que te jogou contra mim, aquele filho ingrato... viado!
-Eu era pequeno, mas me lembro... nenhuma demonstração  de amor, de afeto. Você nunca foi mãe pra exigir agora que sejamos filhos.
-Onde ele guarda o dinheiro?
Ela andando pela casa.
-É melhor a senhora ir embora.
-Vocês sobreviveram e estão reclamando de barriga cheia. - ela cai no chão.
Ela se arrasta pelo chão.
-Onde é o quarto dele?! Deve estar no quarto.
Lucas a levanta, ela olha pro rosto dele, toca no rosto de Lucas, uma coisa que ela nunca fez.
-Não precisamos de você, e sobrevivemos porque tivemos um ao outro apenas.
Ela cospe no rosto dele, Lucas a puxa até a porta.
-Desgraçado! Desgraçado! Desgraçado!
Ele a coloca pra fora, ele bate a porta, tranca. Ela continua batendo na porta.
-Vocês me pagam! Eu quero dinheiro!
Lucas do outro lado da porta chorando.
João ao chegar em casa se depara com a mãe ao lado de um homem que lhe causa arrepios.
-João lembra do pastor Herbert?
Ele olha pro homem que ele se lembrava bem
-Você cresceu rapaz!
" Vamos pra aquela sala". Ele aperta as mãos.
-Ele vai voltar pra nossa igreja. Não é uma bênção filho?
"Jesus quer isso menino, você tem que me obedecer". Seu corpo começa a tremer diante daquele homem.
-Como estão seus filhos pastor?
A mãe bestial sorrindo, ele respondendo nem ouvindo o quadro diante dele. " Não conte a mamãe, você não quer desagradar a Deus"
-Oh glória! Vamos fazer a leitura da Bíblia filho?
" Você tem a boca impura, só sai blasfêmias. Tá na hora de limpar sua boca, me beije."
-Filho?
"Isso, desce"
-Filho?
-Desculpa, não estou me sentindo bem. Posso ficar no quarto?
-O que foi? Está sentindo o quê?
-Deve ser o calor Sílvia. - o pastor sorrindo. -Espero você lá na igreja João pra servir a obra de Deus. Eu adoro a companhia dos jovens.
-Está bem.
Ele entra no quarto, se tranca, começa a chorar.
"Fica quietinho, não vai doer, você vai ver Jesus".
Luíza chega em casa e encontra a empregada chorando.
-Cássia o que aconteceu?
-O Matheus me bateu dona Luíza.
-Onde ele está?
-Está lá fora com os amigos. Eu não quero mais ficar aqui dona Luíza.
-Cássia acalme-se. - ela pega um copo d'água e oferece a empregada.
-Eu não quero! Olhe pro meu rosto. - chorando.
Luíza sai de casa e vai atrás de Matheus e o encontra com outros meninos.
-Matheus pra casa.
-Eu não vou. - dá as costas a ela.
Ela pega ele pelo ombro.
-Eu estou mandando!
-Eu disse que eu não vou, estou brincando.
A empurra, ela cai no chão. As pessoas que passam na rua veem a cena. Ela olha para os rostos dos outros meninos.
Ela se levanta e tira o cinto da cintura dela e começa a bater no filho.
-Pára mãe!
-Ah! - ela chorando se confundindo com o choro dele.
Ela continua batendo até entrarem em casa. Ele se tranca no quarto.
-Abre a porta Matheus! Arh!
Ela senta no chão e nota que a empregada já não está mais em casa, só tinha deixado um bilhete. Ela estava sozinha mais uma vez.
Marcos na sala vendo a TV vê a mãe trocando de roupa, por a porta estar aberta, ele se aproxima.
-Me ajuda aqui com o zíper.
Ele entra no quarto, fica admirando as costas brancas da mãe.
-Quer tocar? Pode. - ela coloca o cabelo pro lado.
Ele alisa as costas dela, lisa, macia, suave.
-Aposto que nenhuma de suas coleguinhas tem costas tão boas de tocar quanto as minhas.
A campainha toca.
-Ele chegou. - ele suspende o zíper - No quarto como falei. - ela deixa o cigarro em um canto.
Ele vai para o quarto, fica olhando pela fresta o namoradinho entrar e ir logo pondo suas mãos grandes na cintura dela e a encher de beijos que tinha o deixado com muita raiva. Ela se coloca de costas pra ele e ele continua beijando a nuca dela. E vai tirando o vestido vermelho bonito, nem se importando com ele, o vestido que ela colocou só pra ele. E vão para o quarto e ele começa a ouvir gemidos dela, ela gemia cada vez mais forte e alto, seus gritos cada vez maiores.
-"Ah! Urh...ai"
-Gostosa... safada"
Marcos tira um canivete do bolso, sai do quarto, a porta estava encostada, ele olha ela de quatro e ele a penetrando, o rosto dela pelo espelho gostando e ele apertava com mais força o canivete em sua mão, o sangrando, o já sangrado coração.
Lucas sentado no sofá vendo a TV, chega seu irmão e vê a bagunça pela casa.
-O que houve?
-Nossa mãe esteve aqui... Ela nem perguntou como estávamos, nem disse que estava com saudades, nem pediu desculpas por ter nos abandonado. - chorando.
Guilherme o abraça.
-Eu não vou deixar ela chegar nunca mais perto de você, prometo.
João senta a mesa pra jantar, a mãe dele chorando, arrasada.
-O pastor Herbert morreu João.
Ele fica se lembrando ele chegando na igreja.
-Parece que foi assalto, ele morreu brutalmente esfaqueado. Ah que coisa horrível meu Deus! Como pode isso acontecer com um homem de Deus?
Ele lembra o pastor perguntando como ele estava, o tocando com suas mãos de pecador e ele com a faca escondida atrás das costas.
A mãe se levanta da mesa.
-Meu Jesus que monstro pôde ter feito uma coisa dessa?
Ele lembrando lavando várias vezes as mãos e o rosto pra tirar o sangue.
Matheus na janela esperando o pai.
-Ele não vem, já está quase escurecendo. Na semana passada ele nem apareceu. - a mãe ao vê-lo na janela
Ele sorrir, ver o carro do pai chegando.
-Ele chegou.
-Matheus!
Ele já abre a porta abraçando o pai.
-Traga ele cedo, ele tem trabalho de português pra fazer.
-Está bem. Bora garotão.
Eles saem e Matheus não dá nem um tchau ou beijo na mãe.
No carro Eduardo vê as marcas do cinto no braço de Matheus.
-O que andou aprontando?
-Nada... Vai me levar pra aonde?
-Um rodízio de pizza. Sua mãe anda preocupada, encontrou umas coisas no seu quarto. Quer falar sobre isso?
-Não são minhas.
Na pizzaria eles sentados a mesa, Eduardo fica olhando pra uma mesa com três mulheres atraentes.
-Não são bonitas filho?
-São.
-Já tem namorada?
-Não. - ele olha pra mesa com as mulheres, depois pra pizza e depois pro pai olhando pra mesa.
-Já pensou papai com aquela loira!
Ele deixa o filho no seu apartamento e sai com a loira.
-Papai volta já. - beija a loira e fecha a porta.
Matheus anda pela sala , passa o olho em todo o apartamento.
Luíza se abaixa e vê debaixo da cama pra pegar o cinto, e o encontra todo picotado.
Matheus começa a quebrar todas as coisas do apartamento do pai, joga a TV no chão, rasga o forro do sofá, jarros, objetos eletrônicos, tudo que ele vai vendo pela frente vai indo ao chão, se quebrando, isso ao meio as lágrimas que teimavam em cair.
Ele para, estava sentado no sofá, diante da parede branca do apartamento todo organizado, diante de sua vida nada organizada.

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