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sexta-feira, 17 de julho de 2009

Releituras.

A família do Marvin.


Numa sala de aula ocorre uma reunião.
-Quem são os pais de Marvin?
Dois homens levantam a mão.
-Nós somos os pais de Marvin, este é o meu marido.
No dia seguinte notei tudo diferente, as pessoas me olhavam diferente.
-Bom dia classe. Marvin vai para a sala da diretora.
-Por quê?
-Porque sim.
Me chamo Marvin, tenho 11 anos, estou na quinta série, meus pais são Igor Bittecourt e Flávio Figueira. Meu pai biológico, Igor, decidiu se mudar para Argolinha, uma cidade pequena e pacata, mas por causa da chegada dessa mais nova família foi abalada.
-Já em casa filho. -Flávio.
Pai Flávio era artista plástico, escultor.
-O que foi?
-A diretora pediu para eu voltar para casa.
-Mas pago a mensalidade da escola para você ficar lá.
-Ouvir piadinhas, como o filho do casal anormal.
Meu pai Igor foi procurar emprego, ele é Consultor de vendas.
-Qual a sua opção sexual?
-Por que essa pergunta? Eu não entendo onde vai interferir minha orientação sexual no meu trabalho.
-Tem pessoas que querem ser uma coisa que não foram feitas pra isso. Imagine que você faz bolos e alguns desses bolos sairam com anormalias. O que você faz com esses bolos? Os afastam dos bolos perfeitos e elimina a forma defeituosa, para não produzir mais esses bolos.
-Eu entendi onde o senhor quer chegar, com licença. -Se retira.
Na escola, a professora saiu da sala para atender a mãe de um aluno.
-É incabível o meu filho conviver com esse menino que convive numa pouca vergonha.
-Mas é bom o seu filho saber que existe diversidade.
-Diversidade, sei lá o que esses pais ensinam a esse menino, depois espalha essa tal de liberdade sexual na cabeça dessas crianças. Por isso que o mundo está cheio desses anormais.
Gostava da companhia de Maria Lúcia.
-Eu não posso ir com você.
-Por quê?
-Os meus pais disseram que você não é uma boa companhia pra mim, por causa dos seus pais, que não é certo dois homens viverem juntos.
-Eu não concordo. Se eu me apaixonar por um homem um dia, eu vou deixar de viver esse amor porque alguns não vêem isso com bons olhos? Não, eu vou viver esse amor. -Se retira.
Meu aniversário tinha chegado, mas ninguém apareceu. O meu pai Igor me olhou, eu estava desapontado, subi e me tranquei no quarto.
-Marvin! -Era uma voz vindo lá de fora.
Abrir a janela, era Maria Lácia.
-Parabéns.
Eu sorrir.
Meus pais no supermercado, Flávio olha um rapaz que passa.
-O que é isso? Não pode olhar pra ninguém a não ser pra mim. -Pai Igor coloca as mãos no rosto de Flávio e sorrir.
-Mas só tenho olhos pra você, ficaria horas perdido no tempo olhando para o seu rosto, sei cada parte dele, pois quando o olho você, você desperta o que há de melhor em mim.
-Que descaramento. -Uma senhora.
_O quê? -Igor.
-Desavergonhados.
-Se é descaramento amar, pois amo. Então sou com muito orgulho descarado.
-Igor chega.
-Essa senhora que começou. -Se retiram
Na cama.
-Hoje faz 3 anos que te conheci. -Igor.
Igor olha para Flávio.
-Me lembro de cada detalhe daquele dia, a roupa que você usava, o seu sorriso, aquela linda manhã de setembro. O seu cavanhaque cafona. -sorrir-Eu disse pra mim mesmo que você seria meu um dia.
-Me lembro também daquele dia, quando te vi, eu me perguntei porque aquele homem bonito olha pra mim, um sujeito tão simples, ali naquele dia, eu tive a certeza que encontrei o homem da minha vida.
Entra eu e deito entre os meus dois pais, meu pai Igor me abraça e alisa o rosto de Flávio.
-Eu já disse que os amo muito?
-Se disse, é sempre bom repetir não é Marvin?
-Os amo muito.
Eu indo para a escola, vejo Felipe que não fala comigo.
-O que foi? Por que não fala comigo? Éramos tão amigos
-Minha mãe proibiu de conversar com você. Mas quero continuar conversando com você.
-E por que não conversa?
-Os seus pais, eles são diferentes.
Nesse mesmo dia dei o meu primeiro beijo em Mria Lúcia.
-Desculpa.
-Por quê?
-Por não ter compreendido os seus pais.
Pai Igor contou logo a novidade a pai Flávio.
-A chama pra jantar aqui em casa. Faço minha melhor receita, bacalhau.
No dia seguinte ela foi almoçar em casa.
-Gosta mesmo do meu filho?
-Muito.
-Então gostarei de você muito.
Que pena que também não poderei jantar na casa dela, os pais dela não concordaram com o namoro.
No colégio, eu estava entrando no colégio e vinha atrás o carro trazendo Felipe.
-Bom dia Marvin. –Felipe coloca a cabeça pra fora do carro.
-Bom dia.
-Eu já disse pra você não falar com esse menino. –A mãe de Felipe.
-Eu não tenho nada haver com a vida dos pais de Marvin levam ou deixam de levar, só me interessa que ele é é o meu amigo, é legal e me faz bem. –se retira do carro e foi falar comigo.
No final do dia, minha casa recebe a visita da professora.
-Marvin tem recebido notas baixas, tem se comportado diferente. E certos colegas dele o isolaram quando souberam a história dos pais dele. Eu recomendo que vocês voltem pra cidade, a cidade grande é mais condescendente em relação a certas opções de vida.
-Você acha que eu não sofro por ver o meu filho sofrendo? Eu sofro muito, pois sei que o problema dessa gente não é com ele, é comigo. Violência e preconceito existe em qualquer lugar, não é justo que eu tenha que me mudar por causa de uma ou duas dúzias de pessoas. Eles não pagam minhas conto. Não devo nada a eles e nem a justiça. Eles não tem nada haver se amo ou deixo de amar um homem. Só devo satisfação aos meus pais e ao meu filho.
No fim de semana meus pais me levaram para pescar, enquanto estava feliz com o meu primeiro peixe, eles conversavam.
-Como queria que os meus pais fossem como os seus, compreendessem a minha opção sexual. Meus tios diziam que eu tinha problema, todos os meus amigos namoravam, menos eu.Se um homem não aparece com uma namorada, logo é cobrado. Mas vi que o problema não era comigo, era com eles que não compreendiam o meu modo de ser. –Igor.
-Minha mãe falou uma vez uma coisa que me emocionou muito. Que o fato de eu ser gay ela não deixaria de ser minha mãe como em um passe de mágica, e era por esse fato que ela disse que não poderia deixar de me amar.
Meus pais me levaram a uma festa de uns amigos deles.
-Não vou cantar hoje, vou ler uma poesia de Carlos Drumond de Andrade, o amor segundo Drumond. –Uma moça. –Quando encontrar alguém e esse alguém fizer o seu coração parar de funcionar por alguns segundos, presta atenção:
- Pode ser a pessoa mais importante da sua vida!

Se os olhares se cruzarem e, neste momento, houver o mesmo brilho intenso entre eles, fica alerta:
- Pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que você nasceu!

Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem de água nesse momento, perceba:
- Existe algo mágico entre vocês.

Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça:
- Deus te mandou um presente divino: O AMOR!

Se um dia tiver que pedir perdão um ao outro por algum motivo e, em troca, receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem mais que mil palavras, entregue-se:
- Vocês foram feitos um para o outro!

Se por algum motivo estiver triste, se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e enxugá-las com ternura:
- Você poderá contar com ela em qualquer momento da sua vida!

Se você conseguir, em pensamento, sentir o cheiro da pessoa como se ela estivesse ali do seu lado...
Se você achar a pessoa maravilhosamente linda, mesmo ela estando de pijama velho, chinelos de dedo e cabelos emaranhados...
Se você não conseguir trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro que está marcado para a noite...
Se você não conseguir imaginar, de maneira nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...
Se você tiver a certeza que vai ver a outra envelhecendo...e, mesmo assim, tiver a convicção que vai continuar sendo louco por ela...
Se preferir morrer, antes de a ver partindo:
- É o Amor que chegou na sua vida!

Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.
Às vezes encontram e, por não prestarem atenção nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixá-lo acontecer verdadeiramente. É o livre-arbítrio.
Por isso, presta atenção aos sinais.
Não deixe que as loucuras do dia-a-dia te deixem cego para a melhor coisa da vida: - O AMOR!!


Veio a festa da formatura da turma , a chegada da vez do meu nome se aproximava, olhei para os meus pais.
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Marvin sentado na escada, senta ao lado Igor.
-Filho, ta na hora de você saber uma coisa, eu não quero que você saiba isso por terceiros , até de uma forma distorcida. Eu amei a sua mãe um dia, e não foi a toa que eu o tive, mas acabou e agradeço por ela ser minha amiga hoje. O seu pai tem um namorado, e eu o amo muito, como amo muito você também, e eu pretendo passar o resto da minha vida com ele.
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A mãe de Marvin morre num acidente de carro, onde também estava Igor.
Marvin no hospital, ver Flávio sentado num banco chorando.
-É você o namorado do papai?
-Sim, sou eu.
Marvin o abraça.
-Papai vai sair dessa não é?
-Vai meu anjo... Vai.
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-Marvin Bittecourt.
Eu subo no palco.
-Antes de começar o meu discurso, quero ler o conceito de família que achei em um dicionário: Pessoas aparentadas que vivem em geral, na mesma casa. Não diz se deve ser obrigatoriamente formada por um pai e mãe, ou um pai sozinho ou uma mãe sozinha ou dois pais ou duas mães. A minha família tem brigas, dá risada, chora, se reúne pra assistir televisão, os seus membros se amam muito, tem contas pra pagar no final do mês. Enfim é uma família como qualquer outra.
-Isso é uma imoralidade. –Uma senhora se levanta e se retira.
-Imoral é alguém roubar uma vida de uma pessoa, mentir, pegar uma coisa que não lhe pertence. Isso aprendi com os meus pais, tudo que sou devo a eles. E posso garantir que sou muito feliz . Sei que não vou mudar o mundo, também não planejo isso, quando eu nasci ele já existia. E não me envergonho em ter dois pais. Por que me envergonharia de duas pessoas que só me deram amor. – chorando abraço os meus pais.
Um homem se levanta e bate palmas e todos os outros depois seguem o exemplo.
Continuei jogando futebol com meus dois pais nas tardes de domingo e a parte que eu mais gosto de casa é o retrato da minha família na estante.


A família de Marvin nasceu de uma história de um colega da facul. Na época, não vou esconder que fiquei assustado ao ir a casa dele e ver ele morando com um outro homem e chamando esse homem de forma carinhosa de amor. Depois ele me contou que tinha um filho, aí eu fiquei me perguntando como era a relação desse menino com o pai e seu companheiro e a mãe. E há tempos eu também era cobrado por uma outra amiga para retratar esse tema no blog. Ao escrever o texto tive a preocupação que ele não contesse trechos de beijos, relações sexuais, como outras obras do gênero, pois esse não era o objetivo do texto, mas sim mostrar o cotidiano dessa família e o lado do preconceito.Espero que eu tenha atingido o meu objetivo.

5 comentários:

Unknown disse...

muito bom esses textos ae eu, muito bom mesmo gostei ;)

Vini e Carol disse...

Gosto de ler seus textos, grande mas interessantes. rs
Este ficou muito bom, parabéns.

Beijos, Carol

Jean Paulo Zambra disse...

são bons, mas tens como melhorar hein

Marton Olympio disse...

Primeiro duas correções:
Anomalia e contivesse. As palavras estão erradas no seu texto.
E tem mais algumas coisinhas que vale uma revisão.

Achei a história linda mas na minha opinião o autor, que queria exercitar o não preconceito acabou agindo preconceitosamente ao afirmar que "não usou beijo" por um moitvo que achei tolo.
O escritor, seja qual gênero, não se deve abster de usar qualquer recurso que tena se ete vier a somar para história.
Ou acabamos parecendo preconceituosos :)

abs!

Marton Olympio disse...

só não entendi a parte da "lenda urbana"
rs...

ps.: nao queira ser igual a mim, seja igual a vc mesmo :)

ps2.: uma dica? beba nos mestres, Rubem Fonseca, Braga, Sabino, etc;;;

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